O segredo das borboletas

“O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você”. (Mário Quintana)




Mário Quintana, de quem eu gosto muito, disse uma vez... “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você”.

Esta frase já me auxiliou algumas vezes nos atendimentos terapêuticos, ao conversar com algumas mulheres, que de tão aflitas por não se sentirem amadas, perderam a linha da delicadeza, da discrição, da leveza e da graça, e mergulharam num poço de ansiedades, na procura do amor.

A mulher já vem ao mundo com o desejo de ser mãe, de ser companheira, e de se fazer acompanhada, de sentir-se protegida, cuidada. É instinto, é próprio de sua natureza.

Estes dias, um amigo me falava o quanto ele achava engraçado, ao ouvir o Caetano Veloso cantando a música “Sozinho”, do Peninha, ouvir as mulheres na platéia gritarem o refrão a plenos pulmões: 🎵“Quando a gente ama, é claro que a gente cuida”🎵, Ele me dizia, que era como se elas quisessem dar um “recado para o mundo”... Enquanto ele me dizia isto, eu refletia... “Esta é o grito da sensação de abandono, do desejo de ser protegida, experimentada pela alma feminina do nosso tempo, aonde as manifestações de amor são “piegas” e o romantismo é considerado “coisa para fracos”, pois a ideia de amor a cada dia se enfraquece diante de uma "falsa liberdade"; Além disso, há por sua vez uma falsa referência do amor romântico, perpetuada no inconsciente coletivo, e  projetadoa pelos filmes hollywoodianos, que se mostram como modelos padrão de um falso amor. 

Desta maneira, o desespero que advém deste quadro afetivo,  vazio, sem ligas, sem significados,  e completamente “dês-romantizado”,  tem feito muitas mulheres infelizes, apáticas e desesperançadas, ou ao contrário disso, inquietas na busca de alguém que as ame....que as "chame de meu bem". A carência vaza...sai pelos poros!

Lembro-me que sempre fui muito protegida por meus pais, que por me amarem demais, me seguravam num cordão umbilical invisível, até o dia do meu casamento, quando meu pai, me deixou ir literalmente. Mudava-me para São Paulo, recém casada, aos 19 anos de idade, ainda presa neste cordão invisível. Assim que comecei a dar os primeiros passos, ainda medrosos, longe do olhar amoroso paterno e materno, perdi o chão.

Neste tempo, eu ainda não sabia o que significava “cuidar do jardim”, então, corri perdidamente, atrás das borboletas.

Correr atrás das borboletas, é acreditar-se auto-suficiente; É também, atropelar-se com desespero em busca daquilo que só o tempo me trará; É ter um olhar “raso” pra minha própria vida, ou para mim mesma, limitando-me a permanecer na perspectiva de “mim para fora” e nunca de “mim para dentro”. Além disso, corro atrás das borboletas, quando não me deixo ser escolhida pelo amor, porque não dou tempo para que ele aconteça.

Porém, cuidar do jardim, é aprender o caminho da delicadeza, da graça, do charme, do coração aberto para amar sem cárceres, sem condições. É também pacificar o coração, pois aquele que cuida das aves dos céus, dos lírios do campo, também é aquele que cuida de mim, e me encaminhará em segurança para o bem na vida.

Cuidar do jardim é adornar a alma, e manter o azeite do coração preparado, para que a chama do amor não se apague antes de ouvir a voz do amado.
Cuidar do jardim, é antes de tudo, “ter certeza de coisas que se esperam”, como uma das definições mais belas da fé que já ouvi, na mais bela poesia.

Cuidar do jardim, é cuidar de si.

Experimente e veja que a paz bate na porta do coração, puxa uma cadeira e se instala.

Vivendo com esta serenidade,  o que mais poderá faltar?

No Amor,


Ana D'Araújo





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