Ciúme - Intuição ou Delirio?



"Porque o amor é forte como a morte, mas duro como a sepultura o ciúme"... (Salomão)



Desde os tempos do Rei Salomão, conhecido como um dos homens mais sábios, ele descreveu o ciúme como um sentimento consumidor, intenso e impulsivo, comparado à dor intensa da sepultura.
Salomão inicialmente aborda o amor como um sentimento inevitável, inesperado e invencível, semelhante à morte que surge em nossas vidas.

Enquanto a morte representa o fim da vida terrena, a sepultura simboliza a realidade para aqueles que permanecem após a partida do ente querido.

A sepultura evoca saudade, lembranças, lamentos e a dor daqueles que não podem mais ter a pessoa que se foi. Salomão compara o ciúme à morte do amor, ressaltando que, apesar de ser tão forte quanto a morte, encontrará seu desfecho na aspereza e dureza desse sentimento.

É conhecido que o ciúme é um impulso incontrolável, difícil de conter.

Alguns costumam dizer que um pouco de ciúme acrescenta sabor ao amor. Outros afirmam com orgulho que possuem um ciúme controlado e moderado, demonstrando apenas amor e desejo de proteção. "Estou apenas cuidando do que conquistei", dizem.

É essencial compreender que qualquer excesso é prejudicial, seja o excesso de ciúme ou a obsessão por um amor excessivo, que se torna ciumento de forma incontrolável.

A psiquiatria analisa o ciúme exacerbado como uma patologia, indicando que a linha entre a normalidade e o exagero é tênue, já que a imaginação, crença, fantasia e certeza podem se mesclar, relativizando a fronteira entre a intuição genuína e o delírio patológico.

Além disso, a psiquiatria associa o ciúme intenso ou exagerado como uma consequência obsessiva de transtornos emocionais e compulsivos, resultantes de experiências dolorosas ao longo da vida.

Algumas pessoas mencionam o ciúme intuitivo, que se manifesta na subjetividade, sem motivos aparentes de infidelidade, mas mesmo assim, a pessoa "sente" ou "pressente" algo estranho, apesar das negações constantes de traição.

O ciúme intuitivo frequentemente possui alguma base de verdade, porém não deve ser generalizado, uma vez que as intuições são relativas e nem sempre absolutas. Mesmo os mais intuitivos podem errar em suas percepções e ser injustos em muitos momentos.

O ciúme delirante distorce constantemente a realidade, transformando todas as situações em suspeitas e potenciais ameaças.

O mais notável no ciúme delirante é a capacidade criativa que se desenvolve na mente da pessoa que delira. Diversas histórias são inventadas e, o que é pior, acreditadas.

Já testemunhei relacionamentos saudáveis serem desfeitos devido ao ciúme delirante, tornando insuportável para um dos parceiros conviver com as histórias e fantasias criativas produzidas pelo outro, sem a possibilidade de se defender das acusações infundadas.

Indivíduos que enfrentaram experiências traumáticas de traição tendem a ser mais propensos ao ciúme delirante.

O medo de reviver o momento angustiante da descoberta da traição leva a pessoa a buscar desesperadamente a "verdade" como forma de evitar erro, sendo motivado pelo medo de ser enganado, trocado ou traído novamente.

Assim, a vida se torna uma corrida constante para evitar a dor, como se a pessoa pudesse prevenir uma traição simplesmente por estar atenta a qualquer sinal mínimo.

Este comportamento funciona como um reflexo, causando sofrimento tanto para quem suspeita quanto para quem é alvo das suspeitas.

É crucial buscar ajuda psicológica para tratar o ciúme delirante, que pode ser decorrente de traumas vivenciados ao longo da vida, mesmo que não tenham sido necessariamente traições conjugais diretas.
Em última análise, qualquer forma de ciúme que prejudique o relacionamento é um sentimento danoso que impede a fluidez do amor.

Se você identifica sintomas de ciúme delirante em si mesmo, é essencial compreender a origem do problema e os eventos que marcaram sua mente e alma, causando traumas recorrentes em suas relações afetivas.

Por outro lado, se você se considera excessivamente intuitivo, evite tirar conclusões precipitadas antes de confirmar se sua intuição é real e não um delírio.



Ana D´Araújo
www.anadaraujo.com.br





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