A Doença da Perspectiva: Pensando a ansiedade



"A ansiedade nada mais é do que a tensão entre o agora e o depois" (Jung)


Como você se imagina em 5 minutos? Será que seus desejos ou planos serão realizados ou frustrados? Suas reflexões são fantasias ou realidade?

Alguns afirmam que a ansiedade é um reflexo do estilo de vida atual. A correria, o frenesi, a insegurança em diferentes áreas da vida, e até mesmo o estresse decorrente da instabilidade financeira do país, e, por conseguinte, das famílias, são apontados como os principais desencadeadores da ansiedade.

Existem várias explicações e "autojustificativas" para esse problema que se espalha como um "vírus" pela maioria das pessoas em diferentes idades.

De uma forma ou de outra a ansiedade costuma ser explicada como um sentimento de apreensão ou uma sensação de desconforto relacionada ao futuro. O presente passa a ser quase inexistente em função de um futuro que precisa ser logo vivido para amenizar a possível dor que o próximo momento poderá trazer.

É como se a pessoa estivesse constantemente em estado de alerta, vivendo a vida focada no próximo momento em vez de aproveitar o presente. Alguns chegam a passar a semana toda ansiosos por um compromisso futuro, mas, ao chegar lá, desejam ardentemente o momento de ir embora.

A insatisfação do ser é generalizada. É "vertigem" interior, que acompanha a pessoa aonde quer que ela vá.

Muitas vezes a ansiedade vem acompanhada de alguns sintomas físicos, como, excesso de transpiração, taquicardia, tremores, transtornos respiratórios, dores de estômago, má digestão, perturbações intestinais, boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da frequência urinária, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta e outras alterações do sistema nervoso autônomo. Ou ainda algumas alterações como alergias, dermatites, e outras advindas do estresse e ansiedade constantes.

Não devemos confundir a ansiedade normal, ou cotidiana que é aquela derivada pelo sentimento de medo, ou por circunstâncias de tensão, com a ansiedade generalizada.

Podemos observar alguns sintomas de Ansiedade Generalizada:

  • Dificuldade para relaxar;
  • Estado de nervos sempre no limite;
  • Sensação de cansaço ou fadiga constantes;
  • Dificuldade de concentração ou esquecimentos frequentes;
  • Irritabilidade;
  • Tensão muscular;
  • Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório;
  • Preocupação fixa com pessoas, doenças e acidentes embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer;
  • Tendência a assustar-se com facilidade e de forma intensa sem motivos justificáveis;
  • Alteração da realidade, quando a pessoa fantasia situações ou coisas que não aconteceram, mas que ela teme que aconteçam, e antecipa na mente como se já fossem um fato real.

Tratamento: Nos casos em que a doença se instalou, o tratamento é a Psicoterapia, principalmente a de abordagem cognitivo comportamental, e o acompanhamento psiquiátrico para a orientação da medicação


No entanto, saindo da perspectiva clínica, gostaria de focar a Ansiedade como a "Doença da Perspectiva" ou da expectativa.

Dependendo da nossa perspectiva sobre a vida e nosso passado, da forma como planejamos o futuro, da nossa autoestima, da sensação de competência em relação às nossas conquistas, e da segurança no amor de alguém por nós (especialmente após experiências de abandono anteriores), podemos adotar uma visão distorcida do futuro. Dessa maneira, a ansiedade no presente se torna inevitável.

Penso que é intrigante observar nos relatos sobre Jesus o cuidado que ele demonstrou em relação à ansiedade naquela época, enfatizando que esse sentimento é desnecessário. Ele mencionou que a cura para essa aflição seria confiar no cuidado de Deus (fé). Se o mesmo Deus, o Criador, se preocupa com as aves do céu e veste os lírios do campo com tamanha beleza, por que não cuidaria também do nosso bem-estar e de nós mesmos?

Neste caso, ele aponta a fé como um antídoto para a ansiedade.

A ansiedade advém da expectativa de controle que carregamos de nossa própria vida.

Vivenciar o presente, ciente de que o amanhã trará consigo novas respostas, soluções e mudanças de situações que, atualmente parecem desafiadoras devido às nossas emoções intensas, seria o caminho da fé. Saber que como tudo na vida, esses momentos passarão e se transformarão, e a vida se encarregará de trazer o novo. Não podemos alterar certos eventos antes de ocorrerem, então é inútil antecipá-los em nossos sentimentos. Isso nos auxiliará a viver com mais serenidade, buscando aliviar a ansiedade.

Seja como for, tratar a ansiedade desde que ela começa a se apresentar, evitará muitas angústias e certamente lhe trará qualidade de vida.

Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.



Ana D´Araújo.

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