Uma pessoa amargurada está constantemente expressando sua amargura para os outros e para o mundo.
Comentários ácidos, indiretas e reclamações são comuns.
Nada parece satisfatório para ela, e nenhum lugar a deixa confortável.
Essa insatisfação e negatividade acabam se tornando o estilo de vida da pessoa, que se vicia nesse estado sem perceber que se tornou uma "crítica profissional da vida".
Certa vez, hospedei uma amiga em minha casa que havia rompido um noivado. O noivo, depois de muitos anos e planos juntos, resolveu que não a amava o suficiente para casar e decidiu ir para outro país, onde pretendia iniciar um novo relacionamento. Esse fato doloroso a deixou repleta de mágoa, ressentimento, rancor, desejo de vingança, revolta, abandono, desvalorização e impotência. Sua vida se resumia a um único desejo: vingança.
Ela passou a ver a vida sob a ótica da "tragédia" provocada por essa perda. (Acredito que ela não "perdeu" nada, mas essa é outra história).
Ao buscá-la na rodoviária, o dia estava lindo no Rio de Janeiro. Passamos por uma região com prédios históricos bonitos, mas ela só notava as pichações nos muros e reclamava dos ambulantes nos semáforos.
Subimos a Ponte Rio-Niterói, e a paisagem era deslumbrante, mas ela apenas via o engarrafamento.
Chegamos à praia: o mar estava calmo e azul, mas ela se incomodava com um lixo na entrada.
Pedimos uma cerveja, que não estava suficientemente gelada para ela.
Houve um show na praia ao pôr do sol, mas ela reclamava da areia no vestido e ignorava o espetáculo (que era muito bom, por sinal).
Durante a semana em que ficou comigo, tudo o que era bonito e agradável se tornava cinza e incômodo. Sua alma estava mergulhada em profunda amargura.
Nosso olhar determina:
Acredito em um ensinamento que tem sido uma nova perspectiva para mim: a "luz do nosso corpo" (nossa energia) está na forma como enxergamos os eventos e circunstâncias da vida, como lidamos com perdas, decepções e ganhos.
Nossa energia positiva vem da gratidão pelas coisas boas ao redor – mesmo as que parecem difíceis, mas que, no final, nos tornam melhores. Se encaramos a vida com esse olhar, nossa energia será positiva. Caso contrário, a escuridão se instala quando perdemos o brilho, a cor, o tom, a melodia e o sabor da existência.
Se isso se aplica a você ou a alguém próximo, lembre-se:
Quem não perdoa se torna prisioneiro, e um desses cárceres é a amargura.
É possível aliviar esse peso ao entender que os eventos dolorosos trazem aprendizados, amadurecimento e recomeços.
Quem passa pela dor sem se amargurar extrai lições para crescer e fazer escolhas mais acertadas.
A história da minha amiga ilustra como a amargura distorce a realidade. O pior é que a pessoa nem percebe; torna-se um "modo de ser".
O caminho da mudança
A autoobservação é essencial para nos conhecermos e identificarmos o que precisa mudar. Observe seu comportamento diário: você tem tendência a enxergar sua história de forma amargurada?
A mudança é um processo que parte de dentro. O efeito colateral? Uma atmosfera de energia positiva ao redor.
"Olhar para si é se transformar."
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