Depressão - Entendendo um pouco mais




O que é a Depressão?

De maneira simplificada, seu cérebro é formado por inúmeras células que se comunicam entre si através de substâncias químicas chamadas neurotransmissores. Por algum motivo, elas podem não circular adequadamente, como um "curto-circuito cerebral", levando à falta de energia, concentração reduzida, memória fraca e lentidão. Em casos raros, podem surgir episódios de euforia, além de tristeza profunda, choro sem motivo, sensibilidade exacerbada e outros sintomas variados.


A Depressão pode ser "química" mesmo com causa externa?
Sim. Frequentemente, inicia-se após eventos traumáticos (perdas, decepções, luto) e, com o tempo, manifesta-se fisicamente. Assim como úlceras ou infartos são desencadeados por estresse, a depressão também se instala no corpo.


Importante:

Recaídas podem ocorrer mesmo após a resolução do evento inicial, pois o cérebro "automatiza" padrões químicos ligados à doença.

Tratamento precoce e completo reduz riscos de recidivas e complicações (ex.: atrofia do hipocampo).

Medicação + terapia são essenciais: a primeira equilibra a química cerebral; a segunda ressignifica perspectivas de vida.


Sintomas Principais


Físicos:

Fadiga, dores musculares, insônia ou sono excessivo, alterações gastrointestinais, baixa imunidade.

Muitos sintomas não têm causa física identificável em exames.


Emocionais/Cognitivos:

Tristeza persistente, apatia, desinteresse, pensamentos pessimistas, culpa excessiva, baixa autoestima.

Dificuldade de concentração, memória fraca, indecisão.


Comportamentais:

Isolamento social, negligência de cuidados pessoais (ex.: higiene).

Em casos graves: ideação suicida, sensação de "vazio emocional".


Causas e Fatores de Risco

  • Genética: Histórico familiar de depressão.
  • Personalidade: Perfeccionismo, autocrítica excessiva.
  • Condições prévias: Distimia (depressão crônica leve), transtornos de ansiedade.
  • Eventos externos: Estresse crônico, traumas, perdas, mudanças hormonais (ex.: menopausa).
  • Substâncias: Uso de álcool, drogas ou medicamentos com efeitos colaterais depressivos.

Tratamento

A. Medicamentos (Antidepressivos)
Função: Regular neurotransmissores (ex.: serotonina, noradrenalina).

Efeito: Leva 3 a 6 semanas para ação plena.

Importante:

  • Não interromper o uso sem orientação médica.
  • Trocar de medicamento pode ser necessário se não houver resposta inicial.

B. Psicoterapia

Técnicas eficazes: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicoterapia Interpessoal.

Foco: Identificar padrões negativos, ressignificar traumas, desenvolver coping saudável.

C. Apoio Complementar

  • Exercícios físicos (liberação de endorfinas).
  • Redução de cafeína e álcool.
  • Terapias alternativas (ex.: meditação, acupuntura).


Orientações para Familiares

  • Não minimize a doença: Frases como "reaja" ou "se anime" são inúteis e aumentam a culpa.
  • Apoio prático: Acompanhe consultas e incentive a adesão ao tratamento.
  • Paciência: A melhora é gradual e exige tempo.

Atenção!

Não interrompa a medicação mesmo com melhora: o tratamento é longo para prevenir recaídas.

Decisões importantes devem ser adiadas até a recuperação, pois a depressão distorce a percepção da realidade.

Recaídas não significam fracasso: exigem ajustes no tratamento, não culpa.

Conclusão

A depressão é uma doença tratável, mas exige abordagem multidisciplinar. Combinar medicação, terapia e mudanças no estilo de vida oferece a melhor chance de recuperação duradoura. Como diz o ditado:

"A noite mais escura precede o amanhecer."




Pesquisa de apoio: 
Dr. Rubens Pitliuk, Médico Psiquiatra 

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