Identidade Fragmentada - Perdendo-me de mim


Invasion - Paul Apal'kin




Nada que eu não possa fazer com meu coração inteiro, terá realmente valor. É o que muita gente diz.

Mas não é assim que tem funcionado para a maioria de nós.

Somos mais conveniência do que verdade. Fazemos coisas porque não queremos desagradar, decepcionar, ou frustrar as pessoas a quem queremos bem, ou não queremos ser mal vistos por outros.

O Ego, ou nosso "eu inferior", tem naturalmente o reflexo de autoproteção na tentativa de não ser ferido, de não sofrer. Ele tem a habilidade de nos deixar reféns de nosso próprio autoengano.

💡A máscara de proteção que vestimos, é uma ilusão  do Ego.

Isso é tão sutil, que muita gente nem sequer se dá conta que vive a maior parte de sua vida neste processo de identidade falsa e fragmentada, assumindo um papel desconfortável na vida, em nome de dogmas e tabus carregados de moralismo, e a consequência disso é um desequilíbrio emocional interior que reflete em todas as coisas ao redor, desde das patologias graves e severas, às mais sutis somatizações.

Sabe aquela história de que Deus tem um dedo apontado julgando tudo o que você faz?... Pois é, parece que isso nos dá tanto medo, que projetamos nos outros essa sensação de medo do julgamento, afinal,  "Vox Populi Vox dei". Afinal, quem deseja ser julgado não é?

Mas isso pra nós tem tanto peso, que um dos comportamentos mais responsáveis por mágoas insuperáveis, é a sensação de que fomos injustiçados.

Isso tudo "leva embora"a  nossa real identidade, nos fragmenta, nos torna secos e frios para as relações afetivas, pois temos medo de demonstrar nossos afetos, e tudo aquilo que tem valor é substituído pelo "fake" que é antônimo da nossa essência, ou de quem somos.

Resgatar a identidade é possível e isso começa apenas com a auto-observação diária das nossas emoções, motivações, trabalhando a construção da nossa identidade pelo autoconhecimento.

Para viver bem com alguém, não é preciso primeiro conhecer? 

Da mesma forma poderemos viver bem melhor com nossas emoções quando nos conhecemos bem e aprendemos a observar as próprias mudanças.

Isso não acontece apenas por tomar consciência, esse é só o primeiro passo. Mas é sobre tudo esforço diário de auto-observação e foco na mudança.

Fique atento também aos seus julgamentos. Observe que a maioria deles sai muito mais da sua mente que guardou impressões e sensações passadas e as vezes parecem ser sua intuição, mas são resultado do medo protetor do Ego.

Além disso, diga a verdade. Diga sim, diga não, mas tente cada vez mais se parecer com você mesmo,  e com a pessoa que você é no seu coração, porém sem perder a gentileza, que é uma das manifestações serenas do amor.

Isso não tem a ver com egoísmo, principalmente quando a gente entende que as outras pessoas são tão relativas e cheias dos seus próprios medos e cegueiras emocionais também, e enxergando assim, a gente também compreenda e ame melhor. 

Experimente começar o dia de maneira mais calma, respire melhor, olhe o dia com mais simpatia,  observe a qualidade dos seus pensamentos e mude-os de direção se preciso for. Fuja de tudo o que desnecessariamente pode lhe tirar a paz.

Então perceba que um processo bem interessante  de consciência e bem estar começam dentro de você.

Lembro aqui Fernando Pessoa:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



Ana D´Araújo www.anadaraujo.com.br atendimento@anadaraujo.com.br

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