Ciúme: O lado sombrio do amor
É normal desejar proteger o que consideramos nosso, um impulso automático que muitas vezes é uma reação involuntária do ego.
Esse instinto de proteção é inerente ao ser humano, seja em relação a bens materiais ou pessoas amadas. A necessidade de preservar o que valorizamos faz parte de nossa essência e, em certas ocasiões, pode manifestar-se como ciúme.
O ciúme surge quando percebemos uma ameaça ao que possuímos. Essa ameaça, mesmo que muitas vezes imaginária ou distorcida, gera insegurança e medo de perda.
Alguns acreditam que um pouco de ciúme intensifica o sentimento de amor e até se orgulham de sentir um "ciúme controlado", justificando-o como um desejo legítimo de proteger quem amam. Argumentam que estão zelando por aquilo que conquistaram. Há também quem defenda que a ausência de ciúme está relacionada à falta de amor ou interesse.
No entanto, há formas de ciúme que podem destruir relacionamentos, impedindo qualquer possibilidade de convívio saudável devido à excessiva necessidade de controle. Essas atitudes geram desgastes, decepções e sofrimento, podendo até extinguir o sentimento de amor.
Esse tipo de ciúme, identificado como obsessivo ou patológico, precisa ser observado e tratado antes que cause danos irreparáveis. Como afirmou Salomão, o sábio: "Todo excesso leva à destruição". O ciúme patológico carrega consigo esse elemento de desequilíbrio.
Pessoas que passaram por situações traumáticas de traição são mais propensas a desenvolver ciúme delirante, agindo como se vivessem em estado de alerta constante para evitar reviver o mesmo sofrimento.
A psiquiatria reconhece que o ciúme patológico pode ser resultado de múltiplos fatores, como:
Transtornos emocionais (insegurança, baixa autoestima, ansiedade, depressão e traumas passados);
Transtornos compulsivos (TOC ou transtorno delirante do tipo ciumento);
Vivências aflitivas (experiências de traição, abandono ou abuso).
É importante ressaltar que nem todo ciúme exagerado é necessariamente patológico, mas é crucial ficar atento quando ele se torna excessivo e prejudicial ao relacionamento.
Sinais de ciúme patológico:
- Desconfiança excessiva sem motivos concretos;
- Pensamentos obsessivos sobre infidelidade;
- Necessidade de controle e sentimento de posse;
- Espionagem ou violação da privacidade do parceiro;
- Reações agressivas baseadas em suposições.
Se você identificar esses sinais em si mesmo ou em alguém próximo, buscar ajuda profissional é essencial. A terapia pode auxiliar na compreensão das causas subjacentes e no desenvolvimento de estratégias saudáveis para lidar com o ciúme.
É possível transformar esse sentimento e construir relacionamentos baseados em confiança e respeito mútuo. Como diz o provérbio: "Amar não é possuir, é libertar".
Ana D' Araújo
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